sábado, 1 de outubro de 2011

Formar crianças leitoras

        A formação de crianças leitoras começa muito cedo, sendo a família a primeira instituição a promover e a colaborar nessa formação. Alguns estudos põem em evidência o papel desempenhado pela família da criança, na formação do gosto pela leitura e de hábitos de leitura.
  A família é o lugar privilegiado para a criança despertar para o interesse pela leitura. Nos primeiros anos de vida da criança, o livro deve fazer parte do seu mundo, como mais um brinquedo ou como mais um jogo, fazendo a criança descobertas sucessivas e enriquecedoras em redor do livro, com o auxílio dos adultos.

  Por outro lado, conjuntamente com esta forma de encarar o livro, enquanto objecto lúdico, deve ler-se para a criança e com a criança, todos os dias, em qualquer momento do dia.

  Salienta-se também a leitura antes de adormecer, que surge como um momento de intimidade, de exclusividade, de dádiva plena, para a criança. É  extremamente agradável o clima afectivo que se pode estabelecer entre a criança, o texto e o adulto, em redor da leitura. Este clima afectivo estabelece-se se entre a criança e o texto existir um adulto, que terá a função de ser o intérprete entre essa criança e esse texto. Esta função do adulto pode ser mais vasta e mais profunda, na medida em que, mais do que um intérprete, o adulto pode ser um intermediário afetivo, entre a criança e o texto, tornando deste modo o momento da leitura num momento de grande sensibilidade e de grande ternura.

  Igualmente importante é a questão do espaço e do tempo para a leitura. É indispensável que a criança tenha no seu dia à dia um espaço e um tempo reservados à leitura, pelo puro prazer da leitura. É tarefa fundamental dos pais a preocupação de criar um ambiente adequado, para que a criança seja capaz de ir lendo num clima de valorização e de sossego.

     Os pais são um modelo com um papel decisivo, uma vez que se eles forem leitores regulares, certamente conseguirão fomentar nos filhos a curiosidade pela leitura e o desejo de lerem. De facto, a interiorização da ideia de que a leitura é uma atividade quotidiana e o crescimento da criança numa família que valoriza o livro, são aspetos que concorrem para que a criança possa ter uma maior tendência e uma maior motivação para a leitura.

  Uma das estratégias visa proporcionar à criança a constituição da sua própria biblioteca, acompanhando-a a livrarias e a bibliotecas, auxiliando-a a escolher livros, que vão ao encontro dos seus interesses, e propiciando mesmo a aquisição desses livros. A biblioteca pessoal permite à criança uma maior intimidade com os livros e convida-a à leitura e releitura dos seus livros preferidos, facilitada certamente pela presença destes na sua biblioteca.


  É importante o acompanhamento, por parte do adulto, da leitura das crianças, manifestando interesse e conversando com elas acerca das suas experiências leitoras. O estímulo e o acompanhamento pela família da leitura das crianças acabam por ter implicações positivas, quando a criança inicia a aprendizagem formal da leitura na escola. Inúmeros autores têm comprovado que as crianças que melhor lêem, no início da sua escolaridade, são as que possuem um ambiente familiar, onde a leitura e a escrita são atividades quotidianas.

  Podemos afirmar que o gosto de ler e a aquisição de hábitos de leitura, por parte das crianças, resultam de uma educação com início nos primeiros anos de vida, dentro do seu ambiente familiar. A promoção do gosto pela leitura e a aquisição de hábitos de leitura é um processo contínuo, que começa na família, mas que deve ser reforçado assim que a criança faz a sua entrada na educação pré-escolar e ao longo de toda a sua escolaridade.

  A família deve ainda colaborar ativamente e assiduamente com o professor , nas atividades promovidas para estimular o gosto pela leitura, cooperando num trabalho que se quer conjunto. O conhecimento dos objectivos e das actividades, realizadas pela criança na escola, é importante para que a família colabore nas práticas de literacia e na formação do gosto pela leitura na criança. Por outro lado, o professor tem como função e pode ajudar a família na descoberta dos livros mais adequados ao nível etário das crianças, levando os pais a adquiri-los e a lê-los em casa com os seus filhos. 
Adaptado de "O papel da família na formação de crianças leitoras",
de Ângela Balça, Centro de Investigação em Educação e Psicologia
CIEP – Universidade de Évora

Sugestões de leitura serão assim aqui deixadas regularmente para que pais, crianças, professores e educadores possam desfrutar de muitos e muitos livros infantis de qualidade. Alguns publicarei em power-point, outros apenas serão referenciados e acompanhados de sinopse. 
A todos desejo boas leituras!



Sem comentários:

Enviar um comentário